segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Facebook estende área de atuação e torna-se concorrente do LinkedIn


No dia 15 de fevereiro, o Facebook lançou uma nova funcionalidade nos EUA e no Canadá que tem como objetivo permitir às empresas que coloquem anúncios de emprego nesta rede social e, naturalmente, aos/às utilizadores/as interessados/as que se candidatem também por este meio. Esta funcionalidade está pensada sobretudo para pequenas e médias empresas que, usualmente, se confrontam com dificuldades em encontrar as pessoas certas, principalmente quando se trata de ofertas para empregos em part-time.
Mas porquê estender a sua área de atuação para o negócio dos anúncios de emprego? De acordo com Andrew Bosworth, Vice-Presidente do Departamento de Engenharia, Anúncios e Páginas do Facebook, as empresas já postam anúncios de emprego nas suas páginas de Facebook há algum tempo e esta rede social decidiu simplificar a personalizar o processo.
De acordo com o Facebook, o administrador de uma página da empresa pode criar posts sobre empregos, acompanhar as aplicações e comunicar com os/as candidatos/as nesta rede social. Num post sobre este assunto, o Facebook mostrou como se cria uma oferta de emprego:

Quando uma pessoa pretende responder a um anúncio, a sua candidatura é preenchida automaticamente com informações do seu perfil, embora possa modificá-la antes de a enviar. Os/As candidatos/as podem controlar que aspetos do seu perfil pessoal são partilhados com os empregadores, porém, é inegável que esta nova funcionalidade faz com que as entidades patronais consigam descobrir mais facilmente do que nunca o que postamos no nosso Facebook. Assim, torna-se cada vez mais fulcral que os/as utilizadores/as desta rede social sejam bastante seletivos em relação ao que postam nela e ao que é postado sobre si.

Embora esta funcionalidade seja muito mais limitada do que é possível fazer com o LinkedIn, estas notícias não são muito positivas para a plataforma pertencente à Microsoft, já que esta cobra aos recrutadores para divulgarem e promoverem as suas ofertas. Além disso, o Facebook detém uma quantidade muito maior de utilizadores/as do que o LinkedIn, podendo, por isso, tornar-se mais aliciante para quem procura e para quem oferece emprego.
Todavia, nem toda a gente considera que o Facebook se pode tornar uma grande ameaça para o LinkedIn. Ezra Gottheil, uma analista da Technology Business Research, afirmou: "O LinkedIn concentra-se em pessoas com backgrounds específicos, mas parece que a lógica do Facebook é mais 'Se gostas da nossa empresa, talvez gostasses de trabalhar aqui'. (...) Postar um sinal a dizer 'estamos a contratar' é intrinsecamente diferente de encontrar pessoas com uma experiência específica."

Se pensarmos neste assunto sob um ponto de vista estratégico, percebemos que existem ideias bastante interessantes associadas. Para as empresas, esta pode ser uma oportunidade de terem pessoas que já são suas fãs - pelo menos no Facebook -, que conhecem e gostam a marca a trabalhar para si.
O facto de a comunicação entre empresas e candidatos/as ser feita através do Messenger obriga as organizações a consultar regularmente as mensagens que recebem na sua página, tarefa que algumas tentam evitar diariamente (- que atire a primeira pedra virtual quem teve a sorte de ter obtido resposta a 100% das mensagens que enviou a empresas pelo Facebook). A procura de emprego torna-se mais uma razão para que as pessoas coloquem "Gosto" nas páginas das empresas e marcas que lhes interessam. Estes dois últimos aspetos tornam os negócios mais fortemente integrados no Facebook e no Messenger, o que confere uma vantagem não só à rede social, mas também aos/às seus/suas utilizadores/as.
Por fim, a gratuitidade (temporária?) desta funcionalidade, bem como a sua rapidez, simplicidade e acessibilidade conquista os indivíduos e incita-os a usufruírem dela.

O que é que vocês acham acerca desta nova funcionalidade? Será que surtirá o efeito esperado e, consequentemente, se estenderá a todos os países do mundo? E será que o Facebook roubará terreno ao LinkedIn? Deixem a vossa opinião nos comentários.


FONTES:
https://www.facebook.com/business/news/take-the-work-out-of-hiring
http://www.recode.net/2017/2/15/14630188/facebook-job-posts-applications
http://www.computerworld.com/article/3171250/social-media/you-just-might-find-your-next-job-on-facebook.html

8 comentários:

  1. Olá Inês :)
    Depois ter lido atentamente o teu post fiquei a pensar sobre o assunto.
    Após uma breve refleção e, respondendo à tua última pergunta, acho que esta funcionalidade do facebook não "roubará" clientes ao LinkedIn. Isto porque acho que o posicionamento que o facebook tem na mente dos consumidores (rede social para estar em contacto com amigos e ter acesso a notícias do mundo rapidamente) fará com que este novo ramo da rede social não seja um sucesso.
    Como utilizadora desta rede, sigo as páginas das empresas para estar mais atualizada sobre o que se passa nas mesmas mas apenas isso, ou seja, penso que esta nova funcionalidade funcionará como alerta para os interessados que há vagas disponíveis e depois, os interessados, irão-se dirigir a outros meios (como email) para se candidatarem. Isto porque, tal como eu, muitos outros utilizadores utilizam as suas páginas para fins mais pessoais e não estarão muito interessados a que os seus possíveis empregadores tenham acesso direto a certas informações (apesar de ser praticamente impossível negar este acesso).
    Beijinhos

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    1. Muito obrigada pelo comentário, Rita! Eu acho que será inevitável que o Facebook desvie um pouco as atenções do LinkedIn, que mais não seja porque nesta rede social os recrutadores não têm de pagar para postarem anuncios de emprego e porque, nela, todo o processo é bem mais simples e rápido, sendo a própria comunicação com os/as candidatos/as facilitada pela existência do Messenger. Mas também não acredito que o Facebook venha a substituir determinantemente o LinkedIn, muito por alguns dos motivos que enunciaste. No entanto, só o tempo o dirá!
      Apesar de tudo, eu sou da opinião de que foi uma boa iniciativa por parte do Facebook, embora existam sempre os perigos associados às publicações mais "vergonhosas" que a maior parte dos/as utilizadores/as acaba por ter :P
      Beijinho

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  2. Bom dia Inês,

    Antes de mais, agradeço pela partilha desta informação, uma vez que pode vir a ser muito útil para várias empresas.

    De facto, considero que esta parceria entre as empresas e o facebook seja uma mais valia para ambas as partes. Desta forma, é mais simples chegar a certas pessoas, nomeadamente quando o recrutamento não necessite de ser muito especializado, pois o Facebook é uma rede social que quase toda a gente tem.

    Isto tudo pode acontecer sem o LinkedIn perder terreno, porque utilizar ambas as redes sociais em conjunto acaba por ser uma mais valia de forma a termos acesso a mais informação e mais oportunidades.

    Com os melhores cumprimentos,

    Guilherme

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    1. Obrigada pelo comentário, Guilherme. De facto, como diz, esta parece-me ser uma inovação que pode vir a ser bastante útil para as empresas porque facilita o processo de recrutamento e, talvez, de seleção dos candidatos (embora isto nem sempre possa ser o cenário mais agradável para os candidatos)

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  3. Boa tarde colegas,

    De facto eu tenho uma ideia um pouco diferente sobre esta nova iniciativa do Facebook. Enquanto utilizadora dessa Rede Social, neste momento sinto-me sem liberdade de expressão. Enquanto trabalhadora sinto-me tentada a invadir o Facebook de possíveis candidatos e poder formar uma opinião sobre o candidato antes de o conhecer e talvez nunca chegar a dar-lhe uma oportunidade.

    Na minha opinião, são águas que deviam ser totalmente separadas. Posiciono o Facebook como uma rede social demasiado pessoal, com um 'quê' de contenção naquilo que se partilha e se afirma, mas que em nada autoriza as empresas a serem invasivas ao ponto de nos tirarem a nossa liberdade.

    O que vai acontecer com esta nova iniciativa não é fazer com que haja candidatos que se identificam com a marca, mas sim fazer com que haja mais submissão das pessoas para conseguirem ter uma oportunidade de trabalho.

    Na minha opinião, considero mais uma das ideias do Facebook de expor o candidato, e não de o ajudar.


    Considero que com esta iniciativa não haverá qualquer perigo para o LinkedIn, até porque nesta Rede Social podemos ter um CV completamente profissional com todas as informações que interessam verdadeiramente às empresas, sem invadirem a privacidade de cada um. Julgo que estamos a chegar a um ponto de voltar a reeducar as empresas e até os utilizadores sobre a liberdade de cada um, pois aqui é o que realmente mais me ressalta à vista.

    Bom fim de semana!

    Cátia Cerqueira

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    1. Cátia, antes de mais obrigada pelo comentário e pelo interesse demonstrado por este post. Realças um aspeto bastante relevante, que é o lado mais negro desta nova funcionalidade: a perda de liberdade para quem procura (ou já tem) emprego. Como já tinha dito no comentário em resposta à Rita e no próprio texto, esta funcionalidade faz com que as pessoas tenham de ter ainda mais cuidado com o que postam nas suas páginas pessoais (que, por isso, deixam de ser tão "pessoais" assim) e isso pode deixar as pessoas um pouco reticentes em se candidatarem pelo Facebook. Porque há sempre algo que deixamos escapar!
      Outra coisa bastante relevante que trazes à discussão e à qual ainda não tinha dedicado muito tempo é a questão do posicionamento. Como já abordamos nas aulas, o ideal é que as marcas tenham um posicionamento claro e bem definido na mente do consumidor e, se calhar, o facto de o Facebook querer estender demasiado a sua área de atuação pode torná-la numa marca, digamos, "híbrida". O Facebook pode acabar por se tornar uma "feira" on-line, que oferece um pouco de tudo, e isso pode até vir a prejudicar a imagem positiva que muita gente tem sobre esta rede social. É uma boa questão para pensar.

      Bom resto de fim de semana!

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  4. Olá a todos!

    Sendo eu uma grande adepta de Redes Sociais, já achei o Facebook uma ferramenta muito mais interessante. Acho que hoje em dia acaba por ser muito ultrapassada por outras redes, mais especificas como mesmo o Linkedin. No entanto, é de realçar que são muito poucas as pessoas que não têm uma conta no Facebook e que por isso mesmo a comunicação e a divulgação seja para quem for, tornou-se muito mais acessível e facil. As empresas ao usarem mais esta plataforma acho que ganham bastante, não só com o uso para divulgação sobre o que faz, mas também é sem duvida uma boa forma de chamar novos candidatos.

    Como já foi dito anteriormente, acho que cada vez mais as pessoas têm uma maior preocupação sobre o que publicam nas suas páginas principalmente se são "amigos" dos seus chefs... Mas destaco o meu caso: quando andava a procura de emprego, foi uma publicação no Facebook que me chamou atenção e que eu respondi e não algo no Linkedin. Agora, se acho que o Facebook vai ultrapassar o Linkedin nas questões empresariais? Não... Até porque o contacto via Facebook entre candidatos e empresas acho que é quase nulo, mesmo com o Mensseger, as pessoas acabam sempre pelo uso do e-mail... E o Linkedin é uma boa ferramenta para obter toda a informação que se pretenda saber tanto sobre empresas como por candidatos visto ser uma plataforma mais direcionada para tal, ao contrário do Facebook que na minha opinião está mais direcionada ao contacto entre amigos.

    Obrigada,

    Joana Pinto

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    1. Olá Joana!
      O que dizes no segundo parágrafo do teu comentário é verdade, pois, de facto, atualmente, o contacto entre empresas e candidatos é nulo ou quase nulo, sendo sempre preferencial a troca de e-mails - até porque, em vários casos, quem gere a página do Facebook é alguém mais direcionado para o âmbito do Marketing da empresa e não quem está encarregue de responder aos e-mails e de informar o cliente/candidato. No entanto, pelo que percebi através do que li, o Facebook parece querer mudar precisamente essas dinâmicas, tanto é que, tal como disse neste post, o facto de a comunicação entre empresas e candidatos/as ser feita através do Messenger obriga as organizações a consultar regularmente as mensagens que recebem na sua página. E se as empresas querem entrar nesta dinâmica, têm de entrar a sério, porque têm de ter noção que, já que publicam ofertas de emprego no Facebook, os candidatos também usarão esse meio para tirar dúvidas e para submeterem as suas candidaturas.
      Obrigada pelo teu comentário!

      Boa semana :)

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