terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

The Shed at Dulwich: o "Restaurante que Não Existe" chegou em Londres a Nº1 no TripAdvisor


O restaurante The Shed at Dulwich não existe. Mas chegou ao primeiro lugar na lista dos restaurantes de Londres do TripAdvisor quando é apenas isto: uma ideia brilhante de um jovem jornalista freelancer, um número de telefone e muita gente a dizer que teve lá uma experiência magnífica. Oobah Butler criou uma página na Internet e inscreveu o restaurante na plataforma TripAdvisor que, curiosamente, aceitou integrar um local sem confirmar a sua existência. A partir daí foi fácil pôr a família e todos os amigos a escrever falsas críticas, elogiando o restaurante, contando como tinha sido difícil conseguir um lugar, mas como tinha valido a pena. O buzz começou a crescer.

O The Shed só aceitava marcações por reserva e estava sempre completamente esgotado. Enquanto o telefone tocava sem parar, o The Shed continuava a subir na lista dos lugares mais desejados de Londres. Um dia, o TripAdvisor contactou Oobah para lhe comunicar que mais de 89 mil pessoas tinham espreitado informação sobre o The Shed em apenas 24 horas. No início de Novembro, The Shed at Dulwich instalou-se no primeiro lugar da lista de restaurantes recomendados em Londres. E nunca ninguém lá tinha comido.

Uma história hilariante, mas que mostra bem o poder do passa-a-palavra eletrónico (e-WOM) no processo de tomada de decisão, em concreto no sector do turismo. Em particular, o conteúdo gerado pelo utilizador ou User Generated Content (UGC) - onde se incluem as online reviews – está a ganhar muita credibilidade aos olhos dos clientes, como forma imparcial e relevante no processo de tomada de decisão.
Neste âmbito, plataformas como o TripAdvisor são de particular importância: se um hotel ou restaurante recebe comentários negativos, as vendas podem diminuir. Conscientes do poder destes comentários, empresas cujos produtos não são avaliados favoravelmente cada vez mais enviam falsos comentários para aumentar a sua imagem. Estas plataformas geralmente utilizam sistemas de reputação de forma a evitar manipulação do conteúdo publicado, embora esta história mostre que nem sempre esses sistemas são tão eficientes como deveriam ser.


As opiniões de alguns utilizadores tornaram-se de tal forma poderosas que estes se transformaram em influenciadores (sejam eles youtubers, instagrammers ou bloggers). Na área do turismo, existem várias páginas de viajantes (profissionais ou não), ou até mesmo de lazer/destinos, que têm milhares de seguidores que encontram nas imagens partilhadas inspiração para as próximas viagens. No entanto, embora atualmente um consumidor acredite mais numa fotografia ou  mesmo numa selfie publicada no Instagram do que num panfleto turístico, grande parte das fotografias e histórias publicadas nas redes sociais são tudo menos genuínas... como o episódio do The Shed e outros vêm demonstrar.

Concluindo, na última década o UGC teve um crescimento exponencial, e com ele o influencer marketing (com valores de mercado na ordem dos 10 a 15 biliões de dólares em 2017). Os consumidores são activos e altamente envolvidos com vários canais, motores de busca, social media, etc. Às marcas compete fomentar e tirar partido do UGC: uma estratégia geralmente com bons resultados, mas que também tem os seus riscos...

Fontes:
https://www.washingtonpost.com/news/food/wp/2017/12/08/it-was-londons-top-rated-restaurant-just-one-problem-it-didnt-exist/?utm_term=.54b5313f9a91
https://www.publico.pt/2017/12/13/fugas/noticia/o-restaurante-que-nao-existe-chegou-a-numero-1-no-tripadvisor-1795833

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